Definição de “caos”, nas linhas do Aurélio, lê-se “mistura de coisas ou ideias em total desarmonia; confusão”. Talvez, se pegarmos por direto o que tem sido estas decisões atabalhoadas e cheias de controvérsia vindas da direção de prova dos últimos dois GPs, a gente vai perceber que não está tão longe disso, e cada vez mais o espetáculo (se é que há) fica oculto, perdido e indefinido.
Admito ao leitor amigo, não vi a corrida toda (compromissos externos me impediram de perder sono), e acho que foi até melhor para não ficar nervoso a toa. Da largada a última bandeira vermelha, a prova de Melbourne foi caótica, talvez o ponto fora da curva neste começo de ano antes da chegada no Velho Mundo. Mas um caótico que enerva, irrita, tanto dentro quanto fora da pista, com a irresponsável invasão acontecida perto do fim da prova.
No geral, foi uma interessante batalha entre Red Bull, Mercedes e Aston Martin na ponta, com os carros pretos de Toto Wolff andando bem durante todo o trem de corrida. Fernando Alonso, outra vez, andando forte e bisando um pódio que parecia perdido no último caos do dia e, outra vez, Max Verstappen vencendo e afirmando a rapidez e trabalho dos touros, simples assim.
Fora isso, quem consegue entender decisões estapafúrdias vindas da direção de prova? Esse show de safety cars e bandeiras vermelhas decididas quase que como forma de “embaralhar o certame” chega ao cúmulo do ridículo. Perguntem ao nosso Roberto Taborda quantas vezes o perguntei sobre Alonso ter chegado em terceiro mesmo tomando um totó de Carlos Sainz na última relargada.
Incompreensível, mas como disse: não vi a corrida toda. No entanto, a pista pregou suas peças, e infelizmente, muito pouco graças aos pilotos em si, muito mais pela mão frouxa dos comissários. Michael Masi ri a toa em alguma cadeira de praia no Caribe, imagino.
Os 10
1) Max Verstappen (Red Bull-Honda)
2) Lewis Hamilton (Mercedes)
3) Fernando Alonso (Aston Martin-Mercedes)
4) Lance Stroll (Aston Martin-Mercedes)
5) Sergio Pérez (Red Bull-Honda)
6) Lando Norris (McLaren-Mercedes)
7) Nico Hulkenberg (Haas-Ferrari)
8) Oscar Piastri (McLaren-Mercedes)
9) Guanyu Zhou (Alfa Romeo-Ferrari)
10) Yuki Tsunoda (Alpha Tauri-Honda)
Pilotos:
1) Max Verstappen (69)
2) Sergio Pérez (54)
3) Fernando Alonso (45)
4) Lewis Hamilton (38)
5) Carlos Sainz Jr. (20)
6) Lance Stroll (20)
7) George Russell (18)
8) Lando Norris (8)
9) Nico Hulkenberg (6)
10) Charles Leclerc (6)
Construtores:
1) Red Bull-Honda (123)
2) Aston Martin-Mercedes (65)
3) Mercedes (56)
4) Ferrari (26)
5) McLaren (12)
6) Alpine (8)
7) Haas-Ferrari (7)
8) Alfa Romeo-Ferrari (6)
9) Alpha Tauri-Honda (1)
10) Williams-Mercedes (1)
Destaque: Pierre Gasly (Alpine)
Depois da corrida, tive que pedir arrego para a dica do Taborda sobre quem tinha sido, de fato, o destaque da corrida. E não posso mentir que o gaúcho estava bem certo: mesmo com a carambola no fim da corrida, Pierre Gasly merece louros nesta feita por ter se atracado entre os ponteiros mesmo com um carro ainda difícil como o da Alpine.
Os franceses poderiam ter saído do Albert Park muito mais no lucro se não fosse o enrosco dos dois carros na última relargada, A gente bem sabe que o garoto é rápido e não tá na casa pra fazer número, está mesmo é fazendo bem mais que o estabelecido Esteban Ocon em pouco tempo, e é bem provável que, em melhorando o bólido, ele brigue um pouco mais a frente do pelotão.
Aguardemos. Ao menos, ele voltará a guiar uma Alpine com as cores corretas, sem esta emulação de 7 Belo na pista, enfim!
As equipes
Red Bull: Da parte dos touros, tudo normal com Verstappen faturando outra vez, igualando o número de pódios de Ayrton Senna e olhando os (até agora, possíveis) adversários de binóculo, mesmo escapando da pista em dado momento. Para Sérgio Perez, um fim de semana para esquecer mesmo vindo de uma grande vitória.
Mercedes: Fico eu pensando até aonde são reais os problemas da estrela de três pontas. Lewis Hamilton e George Russell fizeram um bom trem de corrida com o que tinham e aproveitaram bem as condições diferenciadas do Albert Park para brigar na ponta. Restou o azar para Jorjão, com um motor quebrado, e Lewis pode sair sorrindo com um segundo lugar e uma briga boa com Max. O que virá em Baku?
Aston Martin: O investimento está se pagando, com Alonso em mais um terceiro (que poderia ser segundo se o tempo tivesse ajudado nos treinos) e Lance Stroll também entre os ponteiros. Outra vez, a direção de prova devolve um pódio que parecia perdido, mas é algo que não tira o mérito dos verdes, eles estão muito melhor que a encomenda mas vão precisar de fôlego para continuar a boa fase.
McLaren: Nosso querido Guilherme Puerari está sorrindo! Pintou o campeão? Exagero, claro! Mas a casa de Woking parece ter melhorado um pouco as coisas para Lando Norris e Oscar Piastri. AS condições da prova ajudaram muito o time a sair do zero nos pontos e a dupla fechou nos pontos muito bem. Com a proximidade de Baku, esperam-se atualizações para reposicionar a esquadra laranja depois de um inicio deprimente.
Haas: Mesmo com Kevin Magnussen deixando uma roda na saudade e uma bandeira vermelha na conta (a capital, a criadora do caos), a casa de Guenther Steiner saiu num bom lucro de Melbourne com o forte sétimo lugar de Hulkenberg. O que ficou feio foi brigar pelo possível pódio na justiça depois da carambola final. Nem precisa tanto, fica assim que já é de bom tamanho por tudo que aconteceu.
Alfa Romeo: Discreta como sempre, mas até eficiente como nunca. Sobrou para Guanyu Zhou o dever de trazer os pontos pra casa e o chinês não fez feio mesmo escapando de uma carimbada no primeiro safety car da prova. Valtteri Bottas segue escondido em algum canto do pelotão e só não subiu aos pontos porque tinha um japonês no caminho…
Alpha Tauri: Enfim, algum ponto para espantar a uruca, mas não dá pra cantar vitória no estado que está. Tsunoda trouxe um suado pontinho pra casa e De Vries nem fez sombra nas câmeras durante a prova. A maré não anda nada nada boa pelos lados de Faenza, falta carro, bota e gente pra fazer a esquadra andar. Triste.
Alpine: Gasly está levando a equipe nas costas e andou bem durante a prova, circulando entre os ponteiros e aproveitando-se das bolas divididas. Seria um fim de prova polpudo se não fosse um Ocon no caminho. Os dois se acharam, foram pro muro no mesmo toque, criaram a bagunça e jogaram um bom fim de semana no lixo. Pena, mas carreras son carreras, dizia o velho Fangio.
Williams: Não fosse a panca de Alex Albon no princípio da prova, causando a primeira parada da prova, talvez a casa de Grove passasse desapercebida a corrida toda. No mais, Sargeant não terminou a corrida e a turma empacotou tudo mais cedo. Realidade dura de time pequeno que ainda bate a tradicional marca do velho Frank.
Ferrari: Deprimente, revoltante, difícil. Onde está a Ferrari? Não faltam análises e comentários que coloquem Leclerc e Sainz como os “Alesi e Berger” do século XXI. Não por menos, os erros de ambos parecem corroborar a falta de competitividade da casa de Maranello. O que era uma ameaça a Red Bull está feita numa equipe de meio-de-pelotão que perde até para a bem arrumada Aston Martin. É preciso reagir, ou Frederic Vasseur dará mais motivo para as anedotas de Matia Binotto em algum bar italiano.
Ufa! Falar do que não se viu na íntegra não é fácil, mas está ai! O próximo encontro da trupe vai demorar a chegar: fim do mês (30/04), as 8h da matina no aperto veloz de Baku. E de tanto que se falam das atualizações que os times vão levar para o circuito azeri, o que se pode esperar: surpresas ou mesmices?
Sendo assim, bora pegar fôlego e voltamos em breve. Até!
Complementando o que o André falou no começo da coluna: As perguntas sobre o Alonso ser P3 vieram pelo menos quatro vezes, e em três línguas diferentes!