Marquez na Ducati: MotoGP só tem a ganhar

Ainda que Marc Marquez não tivesse sofrido o acidente em Jerez 2020, é válido supor que a pouca competitividade da Honda apresentada desde 2022 o faria pensar em uma mudança de ares. O advento tecnológico capitaneado pela Ducati e suas asas e aparatos high-tech fizeram as marcas japonesas antes dominantes ficarem muito pra trás em desempenho, inclusive com a Honda muitas vezes fechando o grid com as ultimas posições. Um cenário absolutamente impensável há pouco tempo.

Marquez teve sua carreira vinculada à Red Bull desde o início. Com a entrada da KTM, que também é ligada à fabricante de energéticos em 2016 no mundial, poderia se imaginar uma possível ida do octacampeão para a sempre ambiciosa fabricante austríaca, ainda que tanto a equipe precisaria dar um salto gigante na competitividade quanto Marquez necessitaria querer se soltar definitivamente da Honda, que lhe proporcionou todas as glórias.

Justamente neste ano de 2023, a KTM se apresentou como uma força no grid, tendo ainda a equipe satélite Tech3. Todos já ponderavam uma possível ida de Marc para aqueles lados. Pelo menos não era impossível.

Marc Marquez: mudança de cores pela primeira vez desde 2013
KTM e Red Bull: a segunda é patrocinadora pessoal de Marc. Um possível caminho que não se concretizou

Mais impossível ainda era imaginar que o espanhol pudesse considerar pilotar para uma moto defasada em um ano, e numa equipe satélite ainda.

Para entender esse cenário improvável, é preciso considerar que o destino foi absolutamente caprichoso na historia da equipe Gresini. A temporada 2022 da equipe foi um absoluto deleite aos que gostam de acreditar em caprichos do destino. De equipe fadada ao desaparecimento, muito por conta da triste partida de seu fundador, o ex-piloto e chefe de equipe Fausto Gresini à grande surpresa de toda a temporada. Administrada agora pela viúva de Fausto, Nadia Padovani e seus herdeiros.

Logo na estreia, a equipe, que contava com a Desmosedici GP21 venceu a primeira etapa, no Catar com Enea Bastianini. Foram mais três triunfos ao longo do ano que providenciaram a promoção de Enea à equipe oficial junto daquele que seria campeão, Pecco Bagnaia.

Junte a isso o fato de que o irmão de Marc, Alex Marquez agora montava uma Gresini. O caçula dos Marquez finalmente desencantou e venceu (ainda que corridas Sprint) na categoria rainha. Óbvio dizer que o feedback dado a Marc sobre como a moto é convenceu Marc da mudança.

Nadia Padovani, viúva de Fausto Gresini comanda a equipe que foi sensação em 2022. Bastianini (à esquerda, venceu 4 provas e brigou pelo título)
Marc persegue o irmão Alex: feedback pode ter tido papel primordial na decisão

Marc agora tem diante de si um desafio intrigante: pilotará a moto campeã, mas não levará consigo a trupe que sempre o acompanhou na Honda. Desde staff técnico (engenheiros e mecânicos) até o seu engenheiro pessoal, Santi Hernandez, que foi seu fiel guardião de box em todos os seus títulos. Logo após a mudança, teve de responder a perguntas sobre salários e ganhos.

É sabido que na Honda ele tinha o maior salário do grid, mas agora pode-se supor que a equipe que ele representará não estará pagando uma fortuna pelos seus serviços. Obviamente, os patrocinadores pessoais darão aporte financeiro para sua empreitada, mas irritado, Marc respondeu que não guiará de graça.

Suas motivações para essa mudança são bem claras, e estão longe da questão financeira. No próximo fevereiro, completará 31 anos de idade e sabe que todas a lesões ao longo de toda a sua carreira cobram o preço. Marc conseguiu achar uma vaga numa moto competitiva e tentará, a todo custo voltar a vencer e estar na frente do grid.

A Ducati hoje domina com ampla vantagem a MotoGP, com quatro equipes usando suas máquinas e frequentemente entre os dez primeiros. O retorno do maior vencedor atual a uma máquina competitiva enche de expectativa os fãs da categoria, que anseiam por mais um competidor brigando na já ferrenha e disputada taça de campeão da MotoGP

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