O piloto espanhol oito vezes campeão mundial como se sabe, vai correr pela Ducati oficial na próxima temporada.
Ele carrega uma legião de fãs e haters em igual proporção. Não se nega, porém que ele é, para todos os efeitos, o “herdeiro” de Valentino Rossi: ele é quem carrega o nome da categoria em termos promocionais, fruto da atenção que ele sempre atraiu por seu carisma e estilo de pilotagem e, em outro nível de importância, por ser espanhol. Afinal, o país reúne o maior número de torcedores a cada corrida e sediou por muitos anos quatro grandes prêmios, tamanha a popularidade.
Basta olhar também para as arquibancadas o número de adoradores e também seus números em redes sociais (sim, isso precisa ser levado em conta apesar de não parecer importante numa análise mais profunda).
Ao longo dos anos, sua abordagem extremamente agressiva fez sua coleção de críticos aumentarem o tom. Já foi taxado de perigoso, imprudente e desrespeitoso. O que faz Marquez ter seu lugar mais destacado é justamente o seu número de troféus e conquistas.
O choque com Bulega no evento promocional da Ducati, numa última curva de um evento que não valia grande coisa além de fotos acendeu novamente os questionamentos sobre o seu estilo “tudo-ou-nada” e sua agressividade. Era um evento em clima festivo entre os pilotos Ducati ao redor do mundo, reunindo os pilotos das equipes oficiais da Motogp e Superbike e as equipes clientes.
Esse choque obviamente não ajuda Marquez para sua chegada a um ambiente totalmente italiano, visto que desde o entrevero com Rossi na corrida de Sepang 2015 instaurou um clima de hostilidades entre as duas nacionalidades, sendo costumeiro sentir que o clima está sempre tenso seja em disputas dentro das pistas ou aos microfones.
Pecco Bagnaia, seu companheiro de equipe para a próxima temporada tem dado declarações que podem sinalizar um ambiente hostil. Chegou a dizer: “Jogos mentais não funcionam comigo”. Soou mais como um aceno inseguro do que uma ameaça. Sem efeito em alguém que chegou no campeonato com 20 anos e de cara já foi campeão (o único estreante a fazer isso), batendo um companheiro de equipe muito mais experiente e adversários muito mais laureados.
Ainda assim, é claro que um Pecco mais ambientado e com mais experiência e velocidade podem balancear o confronto.
Há que se lembrar que inúmeros pilotos sofreram perseguições, sendo igualmente criticados por conta de exageros cometidos na pista. O que precisa ser ponderado é: o octacampeão sempre aceitou as críticas e manteve uma postura calma frente às mesmas. Ainda em 2018, quando houve o choque na Argentina, ele foi de encontro a Rossi nos boxes para pedir desculpas e foi impedido não por Rossi, mas por seu staff, mais precisamente o seu fiel “caddie” Uccio Salucci, hoje diretor da equipe satélite de Rossi, a VR46…
Adiante com certeza veremos um Marquez sedento por vitórias e por querer se instaurar como o principal piloto da equipe principal, haja visto que isso irá coroar definitivamente seu retorno competitivo começado ainda este ano. Não há que se esperar entretanto, uma mudança comportamental. Ser atirado em busca do objetivo está no DNA dele, assim como tantos outros que quiseram vencer.
A Motogp é um ambiente extremamente competitivo. Pilotos ascendem nas suas carreiras precocemente, não aprendem a perder e ainda que haja espaço na pista para várias motos, o primeiro lugar sempre está lá, a um choque de carenagem de seus alcances.
Seja você odiador ou fã de Marquez ou de qualquer piloto, o que tenho a dizer é: Muita calma, pois ele (s) não irão mudar.