Sim, senhoras e senhores…. A principal categoria do automobilismo mundial está, pelo menos nos inúmeros posts e comentários afora na Internet, de mudança no local de transmissão no Brasil.
A alguns meses os rumores de que a Bandeirantes estaria deixando de transmitir a Fórmula 1, vem ganhando espaço, seja por descontentamento de seus internos durante transmissões, evoluindo para problemas financeiros, puxados por uma quebra de contrato de um dos seus patrocinadores. Tudo isso traz um misto de incertezas e tensão durante a semana do GP da Itália, realizado no último domingo (01), vencido por Charles Leclerc, levando ao tema que toma conta da rede ligada a Fórmula 1 nas redes sociais: A Rede Bandeirantes estaria deixando de transmitir a F1.
O que se seguiu é uma enxurrada de informações, algumas exageradas, desencontradas, e uma verdadeira catarse nas redes sociais: como será o futuro da categoria com a saída da F1 do guarda chuva Bandeirantes. Cabe a todos nós lembrarmos que, até o presente momento (04/09), não há qualquer tipo de confirmação de qualquer um dos envolvidos citados (Bandeirantes e Liberty Midia, que é a responsável pela negociação da transmissão da F1).
A mudança para a Bandeirantes trouxe oportunidade de uma transmissão com pontos diferentes ao que vinham sendo realizados pela Globo, principalmente em questão da transmissão dos treinos oficiais e pódio. Além disso, criou-se uma expectativa de maior liberdade dos profissionais envolvidos na transmissão, cujo todos já tinham uma boa experiência com a categoria, capitaneados por Reginaldo Leme.
E, aqui, me permito abrir um parênteses: Sou, talvez, uma das pessoas que mais cita nas conversas sobre a situação da transmissão, como gostaria que Reginaldo Leme tivesse um tratamento muito mais vistoso. Ao ser utilizado apenas nas transmissões, no “ao vivo”, me deixa com a sensação de subutilização de um profissional de altíssimo gabarito e que possui uma extensa lista de historias na categoria.
Para os nascidos nos anos 1970 e 1980, o Sinal Verde era uma referencia não só da categoria, como dos locais visitados por ele, e muitas vezes Galvão Bueno, que nos fazia até mesmo ter conhecimento geográfico que auxiliava nas aulas da segunda feira na escola.
Sinceramente, esperava que esse potencial de Reginaldo fosse amplamente usado, até mesmo deixando ele com uma carga de trabalho muito mais suave, afinal, o tempo passa e Reginaldo é um septuagenário que passou grande parte da sua vida viajando mundo afora. Fecha parênteses.
Voltando a situação da transmissão: Se confirmada a saída, fica como sinal claro que, a atual exigência dos fãs da categoria não passa somente por ter mais tempo de tela disponível. Hoje, temos praticamente todas as informações na mão antes das provas, desde pneus disponíveis, novos, usados, quantidade de itens de contagem restrita de uso, as suas trocas, as punições de cada piloto, além é claro da questão histórica. O imediatismo das questões que muitas vezes acabam sendo postas erroneamente numa transmissão são corrigidas nas redes sociais mostra que, não apenas transmitir uma imagem é suficiente: Ter o conhecimento e as informações corretas é algo que se tornou básico.
Na esteira dessas situações, o “estilo Bandeirantes de transmissão”, talvez, tenha sido levada a um ponto extremo entre a descontração e o (des)controle. Situações como áudios internos vazados foram inúmeras, com alguns deles causando constrangimentos desnecessários a equipe de transmissão (e, aqui vai um ponto que quero ressaltar: Muitas vezes esses vazamentos não são somente causados pela equipe de transmissão, mas também por questões de retaguarda). Esses constrangimentos vazaram a bolha do automobilismo em alguns momentos, numa situação que poderia ser evitada.
Nessas questões, algumas informações se confirmaram durante esses quatro anos: o treino classificatório nunca trouxe grande audiência para a Bandeirantes Aberta, e, assim como era na Rede Globo, a queda de share ao fim da prova antes do pódio é vertiginosa. E, televisão, sabe-se, vive de audiência.
A confirmação que esses eventos não agregam valor a transmissão atrapalhou a evolução da Bandeirantes na sua busca de anunciantes. Lembremos que, a Fórmula 1 é um evento deveras caro: Segundo o plano comercial da Bandeirantes, a emissora previa um faturamento de 100 milhões de reais para a categoria. E, as informações que surgem, é que emissora estaria negociando para pagar “apenas” 50 milhões para a Liberty. E, com uma audiência baixa, não há como atrair anunciantes para cobrir as cotas. Durante o ano, a chegada de parceiros como o Mcdonalds e a Heineken, que vieram via Liberty, deixou claro que a situação era periclitante.
Por fim: todo o movimento registrado até o momento caminha para o fim da parceria Band/F1 no fim de 2024. Para o fã da categoria, é um momento de adaptação: As informações que chegam é de um retorno a Rede Globo, que foi a dona dos direitos por 40 anos, portanto, com um vasto Know-how de toda a categoria. Houve, claramente, uma grande aprendizagem do formato de transmissão, além do advento da F1Tv que trouxe outras visões da categoria (o formato Kids é muito elogiado por quem acompanha).
Seja qual emissora venha assumir, fica o nosso pedido: Apenas a imagem não satisfaz o consumidor da F1. A audiência está muito exigente, e quer ver materiais e matérias diferentes, aliadas a história da categoria que nos deu até o momento 8 títulos mundiais e 101 vitórias. Mostrar foco nas informações gráficas, na ação de pista, produzir materiais focados, aliados a opiniões que complementam a imagem, será necessário para a evolução da audiência.
Creio, que, a transmissão evoluirá. Seja na atual casa, seja na casa nova. Aguardemos.
belíssimo texto!
mesmo com os deslizes da Band, coisa até aceitável coberturas ao vivo, se mudar de emissora eu certamente assinarei a F1TV.