Calma lá com o Drugo, gente!

Tem vezes que o ufanismo sobe o telhado mesmo, pra ficar gritando irritantemente no nosso ouvido com aquela odiosa sensação de que o brasileiro “torcedor” reapareceu com um resultado, por vezes, insignificante para ficar gritando que “é o melhor”. A velha lógica do “torcer para ganhar” e não pelo esporte.

Olha, é insuportável, vamos ser rápidos e diretos. E toda vez que o Felipe Drugovich entra na pista em um treino livre e coloca o Lance Stroll no chinelo, como se diria, os bons e velhos pachecos voltam a carga. Não digo aquele que acompanha, torce mas entende o processo, é aquele que já tornou tantos “ídolos de momento” e, hoje, são eternas viúvas chorando Senna até hoje.

Não vou me irritar, sério, cada um torce e lida com as situações como se quer. Mas, é um exagero? Totalmente! E não querendo dizer aqui que o Drugo não mereça. Ele tem um plano e tá trabalhando bem para tanto. A gente aqui do G&M vem acompanhando apenas é esse fervor quase carniceiro de colocar o garoto no lugar de Stroll a todo custo, quase que furando um processo que, se injusto é, talvez necessário seja.

Drugovich nos deu a última grande alegria de um brasileiro nas pistas do mundo ao ser campeão da F2 ano passado. Justíssimo! Uma campanha dominante e segura, um potencial para o futuro e que olha para a F1 como o Eldorado, onde ele quer mesmo estar. O abrigo na Aston Martin, aprendendo com Fernando Alonso e com o dia-a-dia do time é preciosíssimo para as pretenções, embora o time verde de Silverstone teve altos-e-baixos acentuados em 2023.

Mas é parte do processo, entender que nem tudo é perfeito e que cada chance de colocar as botas e acelerar é uma prova de talento e demonstração dos conhecimentos. Bons resultados nos TL que participa são reflexo disso, naturalíssimo, e o fato de Stroll andar atrás não é só a questão do certo comodismo destas sessões, há tempo a gente diz que o filho do dono é limitado, ainda mais com um Don Alonso do lado.

Só que, calma… muita calma mesmo! Já queimamos alguns com essa lingua doida para ver um clone ou “sucessor” de Senna na pista por vezes. Não se tem noção, partindo de um trauma mal curado, de que quem vier agora nunca será igual e que um bom resultado não é, apenas, vencer e vencer tresloucadamente. Evoluir é um processo e ele é diferente para uns e para outros. Com Senna foi de um jeito, com Drugo será diferente, como será com qualquer outro.

E outra, o saudosismo em excesso talvez seja uma cegueira de muitos. Se reflete isso na música, nos modismos, no comportamento, como se o mundo devesse ter parado nos anos 1980 ou início dos 1990. Talvez essa lógica ainda nos faça sentir na F1 dado o atual estado da categoria e o ano modorrento que temos, mas coisas vem e vão, e o novo nunca será igual ao velho, podendo apenas se dar ao luxo de lembrar.

Enfim, já falei demais para este pachequismo exagerado. Deixemos o Drugo aprendendo, assimilando e voando na pista que ele tá é muito bem para o programa que ele está. O resto? Vem com tempo, Stroll… com tempo.

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