Olá amigos no G&M! Edição extraordinária do DNQ, pois o dia 14 de março deste ano assinala um marco histórico para a dita F1 moderna. O que nos exigiu coloca-lo como imagem de destaque nesta edição.
Porém, antes do conto do dia, precisamos manter nossa curta tradição lembrando da Onyx-Ford, que continua sendo a personagem principal do DNQ em 1989. Dessa vez com o veterano sueco Stefan Johansson, que marcou na pré-classificação de Jacarepaguá o tempo de 1:35.232, lindamente 2,7s mais rápido que Bertrand Gachot mas a quase 10s da pole de Ayrton Senna, e a 2s do nosso próximo homenageado na coluna.
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Costume mantido, agora sim vamos lembrar juntos do dia 14 de março que marcava o início da temporada 1993, a 44ª da história da F1. E nesse dia, tínhamos muita coisa acontecendo, e numa temporada que completa hoje para nós um numero marcante de 30 anos de idade.
Conforme o formato DNQ, vamos lembrar dos fatos daquele dia?
– Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno. Conhecem esse nome correto? Pois então, após um ano fora das transmissão via TV da F1, Galvão estava de volta aos microfones da Globo na inglória missão de levar emoção e esperança ao Brasil na categoria após uma temporada de domínio absoluto da Williams e da total impossibilidade de luta de igual para igual de Senna com Nigel Mansell.
– Galvão narrou o que seria um fim de semana bem incomum para os telespectadores da época. Até mesmo os treinos livres naquele fim de semana em Kyalami, na África do Sul, foram transmitidos. Em 1992 também haviam sido transmitidos, porém a voz do Galvão obviamente marcou esse momento, até porque tínhamos muita coisa diferente.
– A começar que o campeão vigente estava do outro lado do mundo, em Surfers Paradise andando de Lola-Ford. Após um desentendimento na renovação de contrato, Mansell fez as malas e voou para a equipe de Carl Haas na Indy, indo bater roda com Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, Bobby Rahal e seus asseclas. A F1, através de Bernie Ecclestone, fez um movimento digamos parecido. Próximo tópico!
– Uma das frases mais vencedoras da historia da F1 desapareceu do capô dos carros de Woking. O Powered by Honda não estava na carenagem da McLaren após os japoneses abandonarem a categoria ao fim de 1992. Isso abriu espaço para um logo pálido, discreto e incolor com a inscrição Powered By Ford (detalhe: Nem o logo em azul foi posto na frase) ao fim do cofre do modelo MP4/8.
– Além disso, a McLaren que ostentava uma dupla de números que não usava os numerais 7 e 8 faziam dez temporadas. E ainda, o primeiro piloto fica com o numero mais baixo certo? Errado! Depois de arrastadas (e não findadas) negociações, Ayrton Senna era inscrito no número 8, com Michael Andretti, um dos grandes nomes da Indy (como dito no tópico anterior, num movimento que acabou sendo de resposta a saída de Nigel Mansell), no bólido #7.
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– No Box ao Lado, tínhamos um numero que não aparecia na F1 desde 1973: a Williams inscreveu o FW15 com o numeral 0 para Damon Hill, para deixar o #2 para Alain Prost (que não quis correr zerado por superstição). O Ultimo a usar o #0 tinha sido, vejam só, o sul-africano Jody Schekter no longínquo 1973, precisamente 20 anos antes!
– Nesse fim de semana, teríamos a estreia de uma equipe tradicionalíssima nos WSC, que foi uma esquadra que trouxe muitos pilotos para a F1, ostentava uma marca que estava fora da categoria desde os anos 50, e assombrou a todos logo no primeiro grid. A Sauber chegava a F1 após mais de 20 anos trilhando o caminho dos esporte-protótipos e tendo em seus cockpits pilotos como Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Heinz Harald Frentzen, Jochen Mass, Jean-Louis Schlesser, Mauro Baldi…
– Consigo ainda, a casa suíça trouxe um nome fortíssimo: no cofre havia um motor Ilmor, conta herdada da finada March, mas carimbado com um Concept by Mercedes Benz, fruto de uma parceria vitoriosa no WSC. Com isso era dada inicio a uma história que dura até hoje, mesmo vestida de Alfa Romeo (e que já foi trajada de BMW).
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– Alias, falando em March, a velha casa que já foi de Max Mosley e Robin Herd era uma das grandes ausências do campeonato. A equipe inglesa chegou a inscrever Jean Marc Gounon e Jan Lammers (interminável!) para 1993, mas fechou as portas dias antes da prova em Kyalami.
– Fato importante: pela primeira vez desde 1976, Guy Ligier não tinha um piloto francês na sua equipe. E logo trouxe uma dupla Inglesa que virou “dupla caipira” para nós Brasileiros: Martin Brundle e Mark Blundell, envergando os icônicos 25 e 26 em 1993 e com os engenhos Renault lhes dando condições de boas apresentações.
– A Yamaha trocava uma temporada de pura decepção na Jordan pela tradicional Tyrrell, com o imprevisível Andrea de Cesaris e o intrépido Ukyo Katayama nos cockpits. E tudo isso com um complicado sistema de monoamortecedor traseiro. Salve-se quem puder!
– Derek Warwick prova que é teimoso e volta aos 38 anos à Footwork, que nada mais é que a velha Arrows de guerra que ele pilotou entre 1987 e 1988 acionada pelos milhões do nipônico Wataru Ohashi, e seria o protagonista de uma das mais incríveis cenas do ano em Hockenheim, meses depois:
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– A Scuderia Itália, ou Ferrarinha (pela semelhança visual das duas durante pelo menos 5 temporadas) se fundia com a Lola e traria um dos piores carros em tempos para o grid, também apelidado de “ônibus”. Luca Badoer já sofreria desde 1993 no grid e Michelle Alboreto teria mais uma temporada indigna de quem lutou por título mundial pela Ferrari.
– A Minardi traria novamente o brasileiro Christian Fittipaldi no seu cockpit e o italiano Fabrizio Barbazza vinha como seu companheiro de equipe. Chamou a atenção já na apresentação um carro majoritariamente branco e sem patrocínios fortes, o que preocupou a todos. O motor era um fraco Ford de concepção antiga, que substituía os Lamborghini de 1992.
– Pois bem, além de tudo isso, deixei um tópico especial para o final. Nesse fim de semana, estreava aquele que todo brasileiro á época dizia ser o herdeiro do legado de Ayrton Senna. Tinha talento, tempo e um professor absurdamente diferenciado para lhe levar as vitórias e as melhores equipes da F1. Quis o destino que Rubens Gonçalves Barrichello, no alto dos seus 19 anos, não pudesse explorar todo o potencial disso.
– O paulistano estreava pela Jordan, que vinha para uma temporada de reafirmação depois de um brilhante 1991 e um decepcionante 1992 A equipe trocaria os ruins Yamaha V12 pelos Hart V10 e sua dupla de pilotos, que em 1992 era formada por Mauricio Gugelmin (que tomou o rumo da Indy) e Stefano Modena (autor do único ponto da equipe e que seguiu para o DTM) no apagar das luzes em Adelaide.
– O DNQ deixa aqui a homenagem aos 30 anos de estreia daquele piloto que ficou incríveis 19 anos na categoria e foi responsável, por muitos anos, da esperança de vitórias do Brasil na F1. Aquela prova durou pouco para Barrichello, quando o cambio, ainda manual lhe deixou na mão depois de 31 voltas, sendo menos ainda para seu companheiro naquele dia, o queimado italiano Ivan Capelli (rodou na segunda volta). Mas o dia 14 de março de 1993 marcava o inicio de uma linda e duradoura historia para ele, e que teria vários capítulos ainda por aquele primeiro ano.
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O DNQ fica por aqui e volta logo logo, afinal temos GP da Arábia no fim de semana! Abraços a todos!
Quando eu lembro daquela corrida, para mim, em uma pista sem graça, a melhor lembrança desse GP foi a luta de Senna para defender a primeira posição dos ataques do Prost. Outra coisa foi o inicio da serie de largadas horriveis do Michael Andretti.
Olá Pablo! Obrigado por participar conosco! 1993 é marcante para toda a geração. uma temporada de muitas marcas que ficaram na historia do automobilismo. E quanto ao Michael… ele sofreu bastante mesmo!