F1 2023 (Alpine): Confusão nas cores e nos bastidores 100% franceses

(POR: Pedro Ivo Faro)

Os leitores mais ávidos do G&M devem se lembrar que em 2022 colocamos dois textos para falar da Alpine. Afinal, sua chegada era rodeada de expectativa e dúvidas: o rosa da BWT iria macular o belo azul francês de corridas? Alonso continuaria numa crescente? E Ocon, será que faria boas exibições? E para completar, foram apresentados dois liveries (tal qual esse ano). E cá estamos nós fazendo “dois textos” outra vez!

No frigir dos ovos, a esquadra francesa terminou a temporada como “best of the rest“, roubando o quarto posto que a McLaren esperava ter conseguido. Sem pódios ou vitórias, mas com alguma regularidade e diversos top-5. Óbvio que, numa temporada onde tudo era novo, eles se aproveitaram em boa parte de trapalhadas e erros dos ingleses, o que não tira seus méritos do quarto lugar, uma vez que a regularidade foi considerável por parte do team.

E aí, quando o trabalho continuaria, virou tudo de pernas pro ar. Calma que a gente explica…

A confusão não ficou só nas cores

Ao apresentar o carro, a sensação final foi de leve decepção. Se em 2022 a combinação de rosa e azul conseguiu ficar bem aceitável (apesar de todo tipo de chacota que fizemos), dessa vez por motivos de economia de peso o bólido francês ganhou várias partes “desnudas” com o preto da fibra de carbono. Ou seja, se rosa e azul já era uma combinação complicada de se ajeitar, imagina incluindo preto. Ademais, as linhas do carro perderam, em parte, a elegância do ano anterior.

O bico alargou desde o habitáculo do piloto e não ficou com o mesmo caimento elegante do ano anterior. Parte disso se deve a uma revisão feita pela equipe na suspensão e na aerodinâmica, visando mais uma evolução do aceitável desempenho do ano passado que necessariamente uma revolução. Já a traseira continua com “guelras” a lá Aston Martin, mas, talvez pela chegada do preto cria-se a sensação de ter sido retrabalhada de maneira mais agressiva.

E, voltando ao quesito livery, se o azul predominante com detalhes em rosa já é meio complicado de “conversar” com o preto, o que dizer do inverso? Pois é, a Alpine correrá novamente nas três primeiras corridas do ano: de rosa, com alguns detalhes em azul e várias partes em preto para alívio de peso. Claro, mais uma vez isso é mérito da empresa austríaca de sistemas de tratamento de água BWT e sua capacidade, digamos, única de “tomar de assalto” o livery de qualquer equipe de corridas no mundo (ainda que temporariamente).

Habemus treta nos bastidores

E se no livery tivemos uma confusão instaurada, nas internas da equipe o caos não veio na pré-temporada, veio de antes! Além da saída ultraconturbada de Fernando Alonso e do “caso Oscar Piastri”, onde a esquadra de Enstone perdeu de uma vez só o primeiro piloto e um (promissor) reserva respectivamente para Aston Martin e McLaren, o nome escolhido para ocupar a cadeira deixada pelo asturiano deu o que falar: Pierre Gasly.

Longe de ser um problema pela competência, uma vez que, se a Alpha Tauri conquistou resultados inimagináveis e passou a incomodar o pelotão intermediário, passa muito pelo braço e obstinação do ás francês, que merecia, e não era de hoje, uma chance fora do conglomerado rubro-taurino. Sem as amarras, será que ele fará voos mais altos?

A dúvida fica justamente pelo primeiro inimigo na trincheira. Do outro lado dos boxes, Gasly terá que dividir o team com ninguém menos que Esteban Ocon, desafeto de longa data (desde os tempos do kart) e que não vai aceitar pacificamente ser o segundo piloto do time. Aliás, nestes termos é bom lembrar que Ocon pode colocar na mesa as cartas: deu à Alpine sua única vitória até agora e está na equipe desde quando esta ainda era Renault.

E para apagar o incêndio que tem tudo para acontecer nos bastidores, o nome continua sendo de Ottmar Szafnauer, que chega em seu segundo ano à frente da trupe para, com alguma esperança, alçar voos mais altos. E assim, como nos velhos tempos, veremos 40 anos depois uma equipe com motor e pilotos franceses (que não se bicam!) se digladiando no grid.

É o passado replicando o presente, e todos torcemos para que venham as mesmas exibições memoráveis!

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