Até o último suspiro da prova em Jeddah, podíamos dizer que estávamos assistindo os lances finais do que foi, ao meu ver, o fim da “segunda bateria” do Barhein: repetição de forças, show da Red Bull mesmo com Max Verstappen partindo do fundão, problemas na Mercedes, Ferrari fraca, o mesmo script de Sakhir só apenas com uma diferença: Sérgio Perez aproveitou o momento de pole e faturou a primeira do ano.
Bem, isso tudo antes dos comissários da FIA entrarem no campo e começarem a mostrar o tamanho da várzea que o “departamento de punições” está mergulhado: terceiro colocado na prova, Fernando Alonso repetiu o pódio, fez a festa, celebrou o seu centésimo pódio e… caiu para quarto, na leitura dos cartolas. E bota leitura atrapalhada nisto, com um resultado indo e voltando pra mão do espanhol no mesmo dia.
Explicamos: o asturiano emulou Esteban Ocon no Barhein e errou a posição no colchete da largada, tomando por isso cinco segundos de punição a serem pagos quando possível. Num safety car causado pelo problema de motor de Lance Stroll (totalmente exagerada a medida, diga-se), Alonso pagou os cinco segundos na parada de box, naquela de “ninguém bota a mão no carro antes disto”.


Feito o pagamento, Fernando foi a pista e fez o seu. Isso até a comissão de prova protagonizar o show: punir Alonso em dez segundos, tomar-lhe o terceiro lugar e guindar George Russell pro pódio depois de quase uma hora e com a festa final feita. A leitura: um dos mecânicos teria (frise-se o “teria”) tocado no carro do espanhol no momento em que ele pagaria a punição, naquela parada de box.
Passar o dia analisando o incerto é gastar energia com brisa passageira. Demorou-se quase um dia para que, sob o benefício da dúvida, a Aston Martin reaver o pódio do asturiano. E não podia dar outra: a explicação dúbia do regulamento (que nem eu, nem você entendemos) foi o motivador. No fim, tudo chegou como era pra ser, e a lambança no kebab do espanhol tava feita.
Lamentável! Outra vez, a FIA não tem celeridade e lê o regulamento porcamente da forma dinâmica. O espetáculo e a festa saíram maculados e o que poderia ser uma resenha falando de outros assuntos ou da monotonia saudita acabou sendo pura várzea. No fim, tudo igual com o inconfundível gosto de lambança no paladar da prova. E segue o baile!

Os 10
1) Sergio Pérez (Red Bull-Honda)
2) Max Verstappen (Red Bull-Honda)
3) Fernando Alonso (Aston Martin-Mercedes)
4) George Russell (Mercedes)
5) Lewis Hamilton (Mercedes)
6) Carlos Sainz Jr. (Ferrari)
7) Charles Leclerc (Ferrari)
8) Esteban Ocon (Alpine-Renault)
9) Pierre Gasly (Alpine-Renault)
10) Kevin Magnussen (Haas-Ferrari)
Pilotos:
1) Max Verstappen (44)
2) Sergio Pérez (43)
3) Fernando Alonso (30)
4) Carlos Sainz Jr. (20)
5) Lewis Hamilton (20)
6) George Russell (18)
7) Lance Stroll (8)
8) Charles Leclerc (6)
9) Esteban Ocon (4)
9) Valtteri Bottas (4)
Construtores:
1) Red Bull-Honda (87)
2) Aston Martin-Mercedes (38)
3) Mercedes (38)
4) Ferrari (26)
5) Alpine (8)
6) Alfa Romeo-Ferrari (4)
7) Haas-Ferrari (1)
8) Williams-Mercedes (1)
9) Alpha Tauri-Honda (0)
10) McLaren-Mercedes (0)
Destaque: Sérgio Perez (Red Bull)
Quando saiu a confirmação de que Verstappen largaria em 15º por problemas no semieixo do carro, teve quem já tachou que o mexicano, mesmo na pole, iria ser suplantado pelo companheiro bicampeão do mundo. Mas, a verdade é que Checo não está muito afim de ser passado para trás este ano, talvez tão decisivo quanto foi 2020, quando estava a pé na categoria.
Ele fez o necessário e preciso para sair vencedor sem sustos e sem obedecer, até mesmo, a uma estranha ordem de reduzir o ritmo nas últimas voltas. A vitória foi de total mérito e faltou pouco para que Checo saísse de Jeddah como líder do campeonato, não fosse uma volta mais rápida capturada por Max no fim das atividades.
Foi o destaque de hoje, claro, mas vamos ver até aonde Perez vai manter seu punho firme na briga, ou se sucumbirá aos caprichos do holandês ao seu lado e do time a sua volta. Depende dele, naturalmente.

As equipes
Red Bull: Poderíamos repetir o texto da corrida anterior, mas talvez ele mereça algo mais ao saber que Perez, destaque da prova segundo a resenha, manteve o pulso e não quer dar uma de bobo. Será que vai? Afinal, Verstappen era o mais limão no pódio e ele não está afim de perder corrida alguma. Tem torta de climão a caminho…
Aston Martin: Consistência! Se dizem ser cópia dos taurinos, afinal os verdes mostram que tem uma equipe bem montada por ex-cabeças do lado do energético. O carro só não faz milagre ainda, mas não me surpreenderia se Alonso (e até Stroll, por que não?) colhessem os frutos de alguma evolução. Dinheiro tem, cacife também e pra muito mais além de pódios.
Mercedes: Ok, quarto (que quase foi terceiro no meio da lambança) e quinto não são resultados ruins, mas não há flores no jardim de Brackley. Russell sabe andar com carro ruim, mas Lewis Hamilton parece acusar o golpe psicológico que não vem de hoje: se arrasta desde 2021. O tal do “keep pushing” sai cada vez com menos força. Toalha oficialmente jogada neste “zeropod”?


Ferrari: Me desagrada muito! Incrível como Maranello acusou o papel de coadjuvante de luxo em Jeddah. Ambos terminaram um atrás do outro e apenas digladiando-se com a Mercedes. Leclerc já mostra sinais de descontentamento e Sainz anda em silêncio. Enquanto isso, Binotto continua rindo em sua casa de campo jogando ao vento: “a culpa era apenas minha?”
Alpine: Já dizia um bom argentino que, devagarzinho, vai cumprindo suas obrigações: “chiquitito, pero cumplidor”. E de fato, os franceses não entregam ilusões e vão somando seus pontinhos. Dessa vez, com os dois carros na zona de pontos e andando razoavelmente bem. O capivara soltou serem, Gasly e Ocon, os “Arnoux e Laffite modernos”, e não tá longe disso. Segue crescendo.
Haas: Quem reparou, pode ver que a família do tio Guenther saiu de Jeddah com um festejado e brigado ponto. A briga de Kevin Magnussen com Yuki Tsunoda foi um dos únicos bons pegas da prova, com batidas de rodas e tudo mais. Merecido! E Hulkenberg não tem feito feio, anda no que o carro pode entregar.
Alpha Tauri: Tá morta! Podia parar por aqui o relato, mas é precio falar que a turma de Faenza pena no grid, literalmente se arrasta. Tsunoda cai de produção e De Vries, promessa dita, sofre junto com o bólido. A história de “copiar gabaritos” da irmã mais rica, certamente, não mais acontece. Sofrível!

Alfa Romeo: Um dia complicado. Depois de sair do Barhein com alguns pontos, passou como uma verdadeira coadjuvante no ar. Zhou ainda chegou a frente e no meio do bolo, brigando com os botas e com o que tinha em mãos. Para Bottas, um abandono imprevisto depois de dar aquelas indiretas dignas de finlandês em coletivas.
Williams: Nesse passo da evolução pequena e constante, hoje não foi um dia lá muito positivo para a casa de Grove. Albon não operou milagres e acabou sem freios, mas Sargeant até mostrou personalidade nas brigas do fundão. Logo soma um ou outro ponto, é fato.
McLaren: Chore, meu amigo fã de Woking! A situação é cruel e revoltante, e Daniel Ricciardo, em algum lugar e numa mesa junto da Alpine no mesmo bar, ri a toa com o calvário da equipe. Outra vez, Norris e Piastri rabeiam o pelotão, sobrando até uma briga caseira com vitória do australiano. Esse panorama melhora? Sei não…
E aqui encerramos! A próxima parada do circo esta marcada para o dia 2 de abril. E pode parecer mentira depois do famigerado dia, mas vai ser preciso madrugar para ver os carrinhos cruzando as curvas apertadas e traiçoeiras do Albert Park, em Melbourne, em mais um GP da Austrália.
Por hora, é apenas isso e nos vemos em breve!
Existe alguma esperança para os fans do Sergio Perez? Será que a RBR vai deixar ele ser mais combativo este ano? Acho que não mas gostaria de saber a opiniao de voces. Parabéns pelo artigo!
Olá Pablo! Obrigado por participar conosco! Sobre Perez: Sempre existe, porém ele terá de fazer uma temporada de 110% de desempenho como a pior régua dele no ano. Além de estar lutando contra o bi campeão mundial, está lutando com alguém que conhece as entranhas da RedBull como ninguém. Mas seria interessante se ele criar frente ao Max Sim!