E o ano começou então! Enfim, tem F1 na pista em 2023, para deleite dos fãs da velocidade que estavam ávidos esperando os carrinhos cortarem a pista. Talvez, e apenas, só esqueceram de fazer um roteiro mais criativo para o ano, deixando apenas a criatividade para algumas notas verdes no computo da obra, o ponto mais notável do fim de semana, pela glória e pela estranheza.
De resto, tudo como 2022 entregou: Red Bull dominante com Max Verstappen emplacando a primeira com sobras e Sergio Perez comboiando-o; a Ferrari mostrando alguma força mas se perdendo em problemas de confiabilidade; a Mercedes apostando num conceito que já mostra que nunca vai funcionar e tomando calor de forças emergentes. Tudo quase igual, e paramos por aqui.
Se o script da primeira corrida foi cópia-carbono do passado, ao menos a Aston Martin salvou o roteiro de uma reprise total. A mais badalada dos testes comprovou que tem carro pra andar na frente, mesmo tomando cutucões da Red Bull pela semelhança estrutural. E esta dádiva de surpresa tem nome e sobrenome, muito conhecidos de nós, por sinal: Fernando Alonso, em boa forma, com sangue nos olhos e pronto pra surpreender.
Partiu de quinto, passou a corrida em silêncio até a hora que começou a caçada, e foi implacável: duas ultrapassagens monumentais sobre Lewis Hamilton e Carlos Sainz e o benefício da sorte com a derrocada de Charles Leclerc. Um terceiro lugar merecidíssimo e que talvez não poderia ter o sido se o toque do próprio companheiro, o suspeitamente lesionado Lance Stroll (que terminou em sexto), tivesse o feito rodopiar na largada.
Noves fora, um bom GP que não deixou a gente dormir (quem dormiria na hora do almoço de domingo, né?) e que traça um campeonato repetindo parâmetros do ano anterior no cenário vindouro. Espera-se, ao menos, uma esperança de vários pontos de surpresa, esta colorida de verde, a dita cor da esperança (se é que ela funciona na categoria).
Os 10
1) Max Verstappen (Red Bull-Honda)
2) Sergio Pérez (Red Bull-Honda)
3) Fernando Alonso (Aston Martin-Mercedes)
4) Carlos Sainz Jr. (Ferrari)
5) Lewis Hamilton (Mercedes)
6) Lance Stroll (Aston Martin-Mercedes)
7) George Russell (Mercedes)
8) Valtteri Bottas (Alfa Romeo-Ferrari)
9) Pierre Gasly (Alpine-Renault)
10) Alexander Albon (Williams-Mercedes)
Destaque: Fernando Alonso (Aston Martin)
Sem dúvida, o cara da prova. todos estavam esperando que o espanhol viesse pra cima neste primeiro GP depois de demonstrar que o carro era, de fato, bem nascido. Ele parecia prometer, e o fez com méritos: ultrapassagens memoráveis, velocidade, ritmo de corrida constante, agora sim ele tem bólido para andar o fino.
O terceiro lugar acabou sendo muito mais celebrado do que o dia dominante da Red Bull. E se lhe parece ilusão fazer tudo isso com um “carro clonado”, lamento mas é preciso talento para pilotar um bom carro, coisa que o asturiano tem de sobra ao lado dos dois canecos de campeão que guarda consigo.
As equipes
Red Bull: Falar o que? Dá pra vencer uma corrida com a mão nas costas, numa super segura atuação de Verstappen, garantir a dobradinha e, ainda, questionar a semelhança entre seu carro e o da rival verde. O ano começa com o roteiro de 2022 embaixo do braço, naturalmente.
Aston Martin: O que salvou a corrida de um repeteco completo do ano anterior. O deslumbre com a atuação de Alonso é justificável e o espanhol é o cara da corrida com muito mérito. E pensar que Stroll, do alto de suas dores, quase colocou tudo a perder mesmo mercendo chegar em sexto.
Ferrari: Então, Matia Binotto deve estar em gargalhadas em algum lugar. Mesmo com a declarada determinação de brigar pelo titulo, o papel de Maranello foi fraquíssimo durante a prova, com Sainz pouco presente (e tomando passão de Alonso) e Leclerc acumulando mais um prego no seu caixão mental um abandono.
Mercedes: Tá na cara que o tal do “zeropod” não funciona muito bem. Mesmo mostrando força, Hamilton e Russell foram suplantados facilmente por Alonso, e as palavras de confiança de Lewis e Toto Wolff são, mesmo, pra manter o moral pra cima, se é que é possível com um começo de ano assim.
Alfa Romeo: Confesso que esperava um pouco mais da turma do velho Peter, mas o oitavo lugar de Valtteri Bottas parece o limite, pelo menos por hora. Bem apagada durante a prova depois de demonstrar velocidade nos testes.
Alpine: Dia de extremos. De um lado, Pierre Gasly estreando no fundo do grid e, solidamente, arrancando dois pontos com suor e talento. Do outro, Esteban Ocon colecionando punições num domingo esquecível para ele. Fora isso, um carro ainda lento e complicado.
Williams: Só de ver Alex Albon em décimo, é um bom ponto para a casa de Grove. E destaquemos também o 12° lugar de Logan Sargeant na estreia do americano no certame. Pode evoluir com o ano e ser presença regular nos pontos.
Haas: É… confesso que esperava mais da trupe do velho Guenther. Tanto Kevin Magnussen quanto Nico Hulkenberg terminaram fora dos pontos, em atuações bem apagadas.
Alpha Tauri: Não tá fácil pra equipe B dos touros. Começo bem difícil para Yuki Tsunoda, perdendo em rendimento da Williams, e para o badalado Nyck De Vries, de quem se esperava um pouco mais.
McLaren: A decepção da corrida disparada. Carro ruim, muitos problemas e um dia terrível para Lando Norris enquanto Oscar Piastri estreava com abandono. Tem muito trabalho pela frente, se o computador e o Google do carro não travarem.
A próxima parada do circo é dia 19 de março, nas ruas traiçoeiras de Jeddah, na Arábia Saudita. Por hora, é apenas isso e nos vemos em breve.