Nigel, 1992

O leão, o “carro de outro planeta”, nove vitórias… caixa! Assim foi 1992 na visão curta daquela temporada tão oculta nos anais dos bons tempos da F1. E que, acredite, apesar de soar “chata”, merece a reverencia maior neste ano.

As emoções de Goodwood estão a flor da pele. Fora as lágrimas ao ver novamente Wayne Rainey em cima da Yamaha que tanto lhe consagrou no início daquela década, as curvas do velho tempo da velocidade do passado pagou tributo ao velho Nigel Ernest James Mansell, seu vasto bigodão e sua FW14B, aquele bólido fabricado em Grove que assombrou o mundo três décadas atrás.

Reunidos novamente, o leão e sua caranga caminharam por aquele trecho curto de asfalto revisitando um passado já longe mais ainda fresco pra muitos senhores feitos que eram garotos querendo pular as cercas de Silverstone para celebrar com o ídolo do momento. E acredite: para nós, brasileiros, 1992 é um pé-no-saco que só se salva pelo nó de Ayrton Senna no mesmo Mansell nas ruas de Mônaco, mas pra eles é algo bem maior.

Nigel no meio do povo. Uma cena clássica de 1992 repetida merecidamente em 2022

Até 1992, sabe quem foi o último britânico campeão do mundo? James Hunt! E isso era lá em 1976, 16 anos antes do tento de Nigel, que naquele tempo era só um amalucado piloto de categorias inferiores vendendo até os rins para seguir no sonho. Ele seguiu e chegou a F1, chegou e mostrou não só velocidade, mas uma audácia as vezes combinada com lances mirabolantes que fez ser chamado, talvez cruelmente, de “idiota veloz”.

Mas nem parecia tanto. Mansell é um sujeito daqueles de ser aplaudido mesmo tendo um insólito titulo para contar vantagem. E aquele papo de que “ser campeão com o melhor carro é fichinha” é balela, filosofia de boteco. Tem que ter competência para tirar tudo do carro mais f**da do grid. E Nigel teve essa competência. Nove vitórias em uma temporada, sendo cinco seguidas, não lhe são prova de excelência ao volante? Reveja seus conceitos.

Enfim, se o FW14B pudesse falar, talvez estaria ainda contando para os pares na garagem de Grove algumas coisinhas sobre ser um carro sofisticado para seu tempo, uma máquina inigualável na história da engenharia de competição e que teve lhe comandando um dos caras que, se não tem números para entrar no olimpo, está lá por ter sido o “idiota veloz” na época mais competitiva e áurea da F1.

É por ai… ouve só o som do bólido…

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