Você conhece Jacky Ickx?

Repito a pergunta do título: você conhece Jacques Bernard Edmon Martin Henri Ickx?

Tá bem, eu simplifico para você: conheces um cidadão belga popularmente alcunhado nas pistas como Jacky Ickx?

Sério, aquele que tem dois vices de F1, seis vitórias em Le Mans no bolso e até mesmo um Paris-Dakar para chamar de seu?

Vou repetir os números: dois vices de F1, seis vitórias em Le Mans no bolso e até mesmo uma vitória no Paris-Dakar, captou? Ainda não?

Meus caros e caras… o Ickx, o primeiro “rei da chuva”, que protestou em plena largada de La Sarthe andando calmamente enquanto outros esqueciam até mesmo de afivelar o cinto ao correr malucos para o carro?

Entendi… você não conhece Jacky Ickx, e arrisco dizer que, de fã do automobilismo, você ainda é um tremendo “poser” que só abre a boca para falar que “no tempo de Ayrton Senna tinha graça” e outros impropérios de quem “torce para ganhar” apenas.

E o impressionante: essa naturalidade de rebaixar currículos de pilotos gigantes fora do grid ou não tão habituée da F1 é especialidade até mesmo de quem deveria transmitir a categoria com respeito aos que a construíram, seja com currículo maior fora dos grids dela. É o mesmo que se falar de caras como Derek Bell, Emanuelle Pirro, Jean-Pierre Jabouille, Jean-Louis Schlesser, Raul Boesel…

São todos “pilotos de meio de pelotão” na F1? Até podem ser, mas quem disse que a F1 é única para ser grande no mundo da velocidade? Não é uma regra, e os analfabetos velozes que nos cercam só tem olhos para um dicionário, seja por interesse comercial ou por pura e sincera preguiça.

Ickx em Mônaco com chuva, mas não é de 1972 (foto) a sua lembrança, claro, era só um “piloto de meio-de-pelotão” na F1…

E por outra: é a prova de que o atual trabalho jornalístico em cima da categoria não passa de desinformativo, sobretudo por simplificar até a raiz as informações para uma “geração DTS” que apega-se as “verdades convenientes” que ouviram a vida toda, sepultando figuras históricas (a exceção de Ayrton Senna, a inflando até) e criando factoides superficiais como o que está acontecendo de fato dentro e fora das pistas.

Alias, Senna e Ickx, bem lembrado. Para muitos, o belga de números superlativos e reverencia histórica comprovada será, simplesmente, o “caraa que tirou a vitória do Ayrton em Mônaco, 1984”. Como se uma vida inteira de competição e glórias fosse resumida a uma decisão errática de um diretor de prova embaixo de chuva torrencial no principado mais famoso do mundo.

Um conselho: tem gente por ai que, mesmo sem imagens, está fazendo por valer e muito o trabalho de trazer a F1 para estas bandas com a qualidade e respeito que a categoria e os pilotos – de ontem e hoje – merecem. Alternativa Esportes, Rádio Esportes Total, não tem imagem mas, nessa hora, a máxima de Luiz Penido nunca foi tão verdadeira: “olho na telinha e som na latinha”.

E conteúdo de verdade sobre automobilismo? Cravo aqui sem medo: Boletim do Paddock, Scuderia Milani, A Mil Por Hora (Rodrigo Mattar), Start Your Engines, Portal Highspeed Brasil, Projeto Motor… até nós mesmos, dentro de nossas crônicas, podemos te contar bem mais sobre este mundo maravilhoso que tantos insistem a resumi-lo num grid de 20 botas ano a ano.

O resto é preguiça e desrespeito com você, com a história e com o velho Jacky, cuja gloria é bem maior e mercê reverencia e respeito.

Ainda não acredita em mim? Olha o que o Start Your Engines fez sobre o belga e depois conversamos.

Bom sábado pra você!

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