Foram quase três anos completos para que o octacampeão Marc Marquez voltasse a vencer na Motogp. Seu último triunfo, o Gp da Emilia Romanha de 2021 disputado no local da próxima etapa, o Circuito Marco Simoncelli (Misano) foi o terceiro naquele ano em que ele voltava da segunda das quatro cirurgias realizadas no braço direito quebrado naquela infeliz tarde em Jerez, na primeira etapa da confusa temporada de 2020.
De lá pra cá, incertezas, novas lesões e complicações e o aceno com a precoce aposentadoria. Para além do problema no braço, que acarretou dificuldades por conta dos métodos utilizados, Marc enfrentou ainda um problema de diplopia na visão do olho direito (visão dupla), que pareciam ser os motivadores para a interrupção de uma carreira mais que vitoriosa. Pior ainda: a Honda (RC213V) não se desenvolveu a ponto de acompanhar a crescente curva de performance das européias Aprilia (RS-GP) e KTM (RC16) e claro, das Ducati que dominam o esporte como a moto mais eficiente e potente.
A alternativa buscada por ele ao se aliar ao irmão Alex Marquez na satélite Gresini, que utiliza a versão uma ano defasada (GP23) dava sinais que sua busca por competitividade era seu principal objetivo. Foram três pódios nas seis primeiras etapas e algumas boas performances nas Sprint races, mas o jejum parecia incomodar.
O Gp de Aragón, situado na bela região de Alcaníz foi o palco do fim da sua jornada de espera. Um circuito com as características mais favoráveis ao seu estilo: predominantemente anti-horário, como seus “quintais de casa”: Sachsenring (Alemanha), onde venceu provas ininterruptamente de 2010 a 2021 e Austin, no Texas (EUA), com oito vitórias em dez participações. Aragón, durante seu período de dominância era também um bom local para ele: venceu consecutivamente de 2016 a 2019.
No sábado ele já deu indícios que pela primeira vez estava à vontade e com o mesmo espírito matador de antes: dominando todos os treinos e vencendo a etapa Sprint do sábado. No domingo, uma performance que fez lembrar um dos seus grandes feitos: o Gp da Argentina de 2019. Naquela ocasião, sem dar chance aos rivais, venceu com uma vantagem de treze segundos, sendo pelo menos oito décimos mais rápido por volta. Em nome da prudência e da cautela, nessa corrida de Aragón ele venceu com quase cinco segundos, exatos mil e quarenta e três dias depois daquela tarde em Misano 2021 (prova inclusive que contou com a consagração de Fabio Quartararo, quando conquistou seu primeiro título).
Passada a alegria do fim do jejum, é esperar que Marc mantenha sua performance vencedora para se preparar para o grande confronto com Pecco Bagnaia para as proximas provas que restam e para as duas temporadas em que vestirá o vermelho oficial da Ducati.
Volta longa/ Enquanto isso:
- Falando em Bagnaia, ele se envolveu em um acidente com Alex Marquez na disputa pelo terceiro lugar. Com a queda, perdeu a liderança do campeonato para Jorge Martin por 23 pontos.
- Não demorou para o italiano acusar Alex de deliberadamente ter provocado o acidente, invocando velhas rusgas e dizendo inclusive que foi consultar a telemetria do espanhol.
- Alex se defendeu nas redes sociais
- Isso obviamente pavimenta mais granadas no caminho para a guerra fria que se avizinha
- Na Moto2 o brasileiro Diogo Moreira havia conseguido seu melhor resultado em qualificação (2º) e fazia um bom primeiro stint, mas sucumbiu ao desgaste de pneus e fechou em 17º
- Moto3: David Alonso, o colombiano que diz-se estar coletando dicas de Marquez, segue dominante e caminha para o título, Fez uma grande classificação e liderava, mas devido também ao desgaste de pneus chegou em 4º. Sua vantagem no campeonato é de 75 pontos (3 corridas).