David Alonso Gómez, filho de mãe colombiana e pai espanhol vem sendo a sensação da Moto3 nesta temporada 2024. Com a boa impressão já deixada ano passado, quando competiu integralmente o certame pela primeira vez e terminou em 3º e com o passaporte carimbado para a classe intermediária (Moto2) para a próxima temporada, carrega consigo uma enorme expectativa quanto ao seu futuro.
Os talentos precoces surgem aos montes nas corridas de motovelocidade, mas obviamente nem todos chegam a brilhar e manter o protagonismo por muito tempo. O que se observa na formação dos jovens talentos é justamente a postura diante dos desafios e a habilidade de manter o espírito lutador. Corridas das classes menores são sempre repletas de reviravoltas e imprevisibilidade, e se destacar sobressair nesse meio é um feito reservado a poucos.
Aos 13 anos estreou no Campeonato Junior da FIM (European Talent Cup). Na segunda temporada, já garantiu o título. O mesmo aconteceu no tradicional Red Bull Rookies Cup: uma temporada de aprendizado e título na segunda temporada. Por ali, competiu com pilotos como Pedro Acosta, novato do ano na temporada 2024 da classe principal.
Sua chegada às corridas principais da Moto3 se deu pela tradicional equipe Aspar, do antigo campeão das 80 e 125cc, Jorge “Aspar” Martinez. Juntamente com ele na equipe também está Nico Terol, o último campeão das 125cc (2011). Na temporada 2021 teve a oportunidade de estrear no mundial substituindo o machucado Sergio Garcia (hoje na Moto2) e no ano seguinte competiu como “wild card” no Gp de Portugal. Sua primeira temporada completa se deu no ano seguinte, e na nona etapa (Gp da Inglaterra em Silvertone), venceu pela primeira vez, aos 17 anos. Vieram mais três vitórias (Gp’s da Catalunha, Emilia Romagna e Tailândia) e finalizou a temporada em 3º, tendo chances de título até o fim.
Nesta temporada de 2024 já são oito vitórias (até o Gp da Emilia-Romagna) em 14 corridas e a liderança do campeonato em mais de 70 pontos. Ainda que não seja o campeão, dada a imprevisibilidade desta categoria, fica em evidência a forma como ele encara as disputas, sempre tentando tudo até o fim e não desistindo de lutar pelas primeiras colocações. A Moto3 é uma categoria muito aguerrida e uma vez que os pilotos são muito jovens, muitas vezes é possível observar rompantes de excesso de confiança e até inconsequência de alguns, mas Alonso tem conseguido se sobressair, com ritmos de prova bem administrados, seja quando tem muita vantagem ou quando precisa ser agressivo.
O que ilustra bem isso é a sua declaração sobre qual foi sua melhor corrida até hoje: “Foi no Gp final do campeonato 85GP. Eu largava seis filas atrás do meu oponente para a conquista do título e sabia que tinha que ultrapassar mais dois para chegar nele. Larguei mal mas fui escalando o pelotão até chegar na última volta, pegar seu vácuo e ultrapassá-lo. No ano seguinte aprendi que vencer ou estar no pódio não quer dizer que você está fazendo tudo certo, você sempre pode improvisar e melhorar”.
Já vimos inúmeros pilotos chegarem na Moto3 e impressionarem com talento e velocidade. O passo seguinte (Moto2, para onde Alonso vai competir no próximo ano) costuma ser bem difícil. Ele será companheiro de Daniel Holgado, que hoje compete diretamente com ele pelo título deste ano na Moto3. Será interessante observar se sua postura obedecerá sua condução caprichosa e aguerrida que está sendo vista pela Moto3. Essa mesma postura lhe garantiu 12 vitórias em 35 corridas disputadas, um número bem expressivo para uma categoria tão diversa e disputada.