Já faz muito tempo que leio, assisto e estudo o automobilismo. Ver ao vivo qualquer tipo de corrida ainda era uma lacuna vazia, para compreender melhor a sensação de estar presente ao vivo nos acontecimentos que há muito eram entendidos pelas telas de televisão.
Recebi uma grata surpresa no dia 28 de Novembro. Meu amigo Samuel Prado, que foi meu gerente enquanto trabalhamos com marketing há dez anos atrás me ofertava dois ingressos concedidos pela Neom, patrocinadora da Mclaren de Fórmula E para assistir a etapa de São Paulo, que inaugurava a nova temporada. Meu único impasse seriam os 250 quilômetros que me separam da selva de pedra, que há tempos não visitava. Já havia um bom tempo que não atendia a um evento também, sendo o último o show de 2011 do U2 no Morumbi. Convidei meu irmão Marcos e bora.
Como a proposta era irrecusável, imaginei que seria uma boa oportunidade para ver de perto a estreia dos Gen3 EVO da categoria e também relatar para os leitores do G&M a experiência de ver ao vivo o evento.
Ao chegar, o caos de sempre que faz parte da massa do sangue do paulistano. Já acostumado, arrumei um hotel a pouco tempo de distância do Sambódromo do Anhembi, local da prova. Entre corridas de táxi e passos a pé, nada caro ou cansativo.
Programei a ida para a pista por volta de 9 horas da manhã, sendo que a largada seria às 14:00h. Tudo muito organizado e sinalizado, sem muito caminho a pé para andar de onde desembarquei. Algumas escadas (gigantes) e ali estava a pista lisa do sambódromo, adaptado para os Gen3 EVO riscarem os pneus da Hankook mais macios para este ano. Ainda no caminho, as fanzones estavam bem sinalizadas e sem tumulto. Deu uma enorme vontade de testar a game zone mas o tamanho da fila me desencorajou.
O choque inicial não foi com nenhum bólido da F-e e sim com o Porsche Taycan Turbo S. Já tinha visto e “pilotado” (virtualmente, lógico) em games como Forza Horizon e Gran Turismo, já sabia que coisa boa viria por ali, dado o torque violento. E foi. Uma arrancada espetacular, fazendo o até então pequeno público ficar admirado ao percorrer os metros que separam a linha de chegada até a primeira chicane em segundos.
Logo em seguida, os primeiros carros das equipes Cupra e Andretti, seguido dos belos Porsche de cor roxa e também os papaya da Mclaren. Para quem passou anos ouvindo que carros elétricos são sem graça porque não tem som, devo dizer que para o evento, funciona. A ausência de som mais grave do motor certamente corta um pouco da empolgação que poderia proporcionar, mas poder ouvir as borrachas do pneu derrapando proporciona uma experiência igualmente empolgante.
Um calor danado e sol muito forte, mas a distração de estar num evento desses fez compensar cada minuto. Do classificatório até a prova o tempo passou voando e as atrações serviram para entreter o público que ia aumentando à medida que chegava a hora da prova.
Para acompanhar melhor o andamento da prova muitas vezes me peguei olhando o telão com as imagens que a TV transmite. A vista do setor H era privilegiada e foi possível acompanhar o cerimonial pré-largada de perto. De onde estava, era possível ver os primeiros do grid e o trecho que antecede a primeira curva. Tomei um cuidado especial para não me distrair demais e perder a ação que interessava que era logo ali ao vivo, debaixo do meu nariz! Às vezes era difícil assimilar que estava ali, vendo toda a ação.
A prova em si decorreu normalmente e sem muitos incidentes, o que é raro. Bem, até quando se completaram 2 terços dela, quando houve a interrupção por conta do acidente de Wherlein, com uma capotagem. Logo que vi o carro de ponta-cabeça já esperei pelo replay no telão e claro que haveria uma reação do público. É interessante você aguardar a reação daquela grande quantidade de gente. Um uníssono “Oooohh!”, seguido de vários palavrões foi divertido. A interação do público faz toda a diferença. Os pilotos da Neom Mclaren enfrentaram maus bocados no início da prova e a torcida estava pegando no pé da dupla, principalmente Taylor Barnard, que estava bem defasado em relação ao pelotão da frente. Com o andamento da prova e com as paradas, a dupla conseguiu uma ótima recuperação, fechando em 3º e 4º.
Para uma primeira experiência, devo dizer que foi muito positiva. A organização da F-E cuida bem do público e parece entender perfeitamente como agradar o público que já gosta de automobilismo como o do público potencial, que assimila a novidade de uma categoria relativamente nova com um evento itinerante que que cresce a cada ano que passa. Recomendo fortemente para quem um dia puder ir, experimentar o ar de uma corrida ao vivo. É outra coisa!
Aproveito o espaço para agradecer imensamente a todos da Neom Mclaren pela oferta do ingresso e pela oportunidade!