Uma semana após a primeira vitória da carreira de Lando Norris, no GP de Miami de 2024, Zak Brown deu uma declaração bastante interessante:
“Acredito que existam seis ou sete pilotos no grid que poderiam ser campeões do mundo com a Red Bull. Por melhor que Max seja, não acho que ele venceria o campeonato mundial em qualquer outro carro que não o da Red Bull nesse momento.”
Palavras fortes, que indicavam obviamente a crença de que Verstappen só poderia ser campeão a bordo do melhor carro do grid.
Bom, seis meses depois, na madrugada de sábado para domingo (24), Zak Brown teve de engolir suas próprias palavras. A não ser que nenhum dos “seis ou sete pilotos” a que ele se referia fossem da sua própria equipe, é claro.
A McLaren, comandada pelo empresário americano, entregou para Lando Norris e Oscar Piastri um fantástico modelo MCL38, que a partir de atualizações importantes na altura do GP de Miami, foi se tornando o melhor carro do grid, sobrepujando o badalado RB20, último trabalho da Red Bull sob a liderança técnica do lendário Adrian Newey.
Porém, mesmo com um carro que por vezes oscilou entre segundo e quarto mais rápido do grid ao longo do ano, Max Verstappen foi para Las Vegas precisando apenas terminar na frente de Lando Norris para se sagrar tetracampeão mundial de F1.
E foi exatamente isso que ele fez, chegando num convincente porém discreto quinto lugar, sem jamais ter realmente entrado na luta pela vitória, mas com quase meio minuto de vantagem para…Lando Norris!
O britânico, que tanto precisava de uma vitória para manter suas chances vivas, foi simplesmente pífio, assim como toda a equipe McLaren, que não existiu na corrida de Las Vegas (o quê dizer de Piastri estacionando fora do colchete na hora da largada?)
A vitória na curiosa pista de rua de Las Vegas ficou com George Russell, que conseguiu uma excelente pole position no sábado, e após se defender de um ataque inicial de Charles Leclerc nas primeiras voltas, viu o piloto da Ferrari se afastar com desgaste de pneus e só precisou administrar sua vantagem dali pra frente.
Quem realmente podia ameaçar Russell? Provavelmente Lewis Hamilton, que teve um desempenho ruim no Q3, e só largou da décima posição, porém demonstrou um ritmo de prova excelente e escalou o pelotão até o segundo lugar. Lewis certamente saiu pensando que poderia ter vencido a prova caso tivesse conseguido uma volta melhor na Qualificação.
A Ferrari viu Sainz conseguir outro pódio fechando em terceiro, e Leclerc amargando um quarto lugar cheio de reclamações por uma desobediência de Sainz em relação ao “jogo de equipe” que estava combinado nos boxes da Scuderia. O espanhol, que obviamente não está nem aí pois estará fora da equipe a partir do ano que vem, deu de ombros para seu choroso companheiro de equipe…
Mas com choro ou sem choro de Leclerc, a Ferrari diminuiu perigosamente a vantagem da McLaren no campeonato de construtores para apenas 24 pontos, faltando duas etapas (Catar, com Sprint, e Abu Dhabi). Perder mais esse título seria um golpe muito duro, mas não parece impossível diante da desmobilização que a McLaren apresentou em Las Vegas.
McLaren e Ferrari vão para as duas últimas etapas com muito em jogo, enquanto Verstappen vai a passeio. O holandês coroou um ano excelente com o quarto título, após conseguir feitos como a sequência de oito poles seguidas (igualando recorde estabelecido por Ayrton Senna entre 1988 e 1989) e vitórias impressionantes como na Espanha, Ímola e claro, a obra-prima de Interlagos.
É fato, 2024 também mostrou o lado negativo de Max, mais um piloto ultra-competitivo a passar pelo grid e que por vários momentos cruzou a tênue linha da desportividade. Óbvio que esse assunto foi prato cheio para seus vários detratores ao longo do ano.
Mas a temporada não deixou dúvidas: Verstappen é com sobras o melhor piloto do grid, e se as outras equipes quiserem derrotá-lo, talvez precisem buscar um piloto novo. O holandês terminou o fim de semana “tirando uma onda” com Zak Brown, cobrando o chefe da McLaren pelas palavras do início do ano. Mais um golaço do holandês contra a “Patrulha Britânica” da F1.